Cultura em Expansão 2024
Cultura em Expansão 2024

(foto: Renato Cruz Santos)
Uma retrospectiva da programação do Cultura em Expansão do pólo de Campanhã, desde que este foi assumido pelo Visões Úteis, revela que existem ideias que estão na programação desde o início e que continuam, nomeadamente as ideias de diálogo, de escuta, de partilha, de não querer impor uma ideia de programação ao território, mas antes de tentar construí-la em atenção ao território.
Ao mesmo tempo, a mesma programação tem mudado ao longo dos tempos, tendo começado com a busca de propostas que pudessem estabelecer relações com as preocupações das pessoas do território, e progressivamente tendo tentado colocar essas mesmas pessoas no centro das propostas artísticas.
A programação para 2024 é o culminar dessa tendência. Cientes de que a anunciada abertura do Matadouro (para 2025, 2026?) irá constituir uma mudança significativa na natureza do Cultura em Expansão, optámos por fazer de 2024 o ano em que procuramos dotar os agentes culturais e artísticos da freguesia de ferramentas que lhes deem maior autonomia, protagonismo e capacidade de exprimirem a identidade e preocupações das suas comunidades.
Deste modo, entendemos que as palavras-chave para 2024 serão as de potenciar, agenciar e continuar. Potenciar as possibilidades já existentes, dar autonomia aos agentes do território, e continuar fios condutores de programação do passado, e abrir caminho a outras continuidades que ultrapassem o próprio Cultura em Expansão ou o Visões Úteis.
Destacamos apenas alguns dos projetos que consideramos exemplares no cumprimento da missão a que nos propomos desde 2019: "Orillas Porteñas" traz 4 tablaos de flamencos que colocam na ribalta artistas convidados locais e levam a cidade aos bairros onde pulsa a cultura cigana - Lagarteiro, Contumil e Cerco; "Qual é a estação do teu coração?" dá continuidade à linha de projetos de recuperação da narração oral de Campanhã e resulta do convite à Astro Fingido para, com os grupos de teatro amador locais, resgatar memórias dos lugares de Azevedo e reativá-las no (ainda) pouco usado Centro de Convívio e Cultural das Areias; "Entre o visível e o Indizível", documentário do ator e cineasta Eduardo Breda que, durante um ano, acompanha as apresentações e novas criações do Era uma vez...Teatro, coletivo teatral da APPC - Associação do Porto de Paralisia Cerebral, de modo a conferir a justa visibilidade a esta companhia que faz, desde 1997, um trabalho singular a nível nacional; entre muitos outros projetos e espetáculos que levaram inovadoras possibilidades de participação e fruição a muitos lugares, insistindo e persistindo para a sua efetiva inscrição no mapa de acesso cultural desta grande e diversa freguesia.