Investigação
Desde 2017 que a investigação é um domínio relevante na atividade do Visões Úteis. E não nos referimos aqui à pesquisa inerente aos processos criativos, mas a projetos de caráter tendencialmente científico e em articulação com instituições do ensino superior, centros de investigação, docentes e investigadores. Esta linha - que já se adivinhava 10 anos antes nas escolhas académicas de alguns diretores artísticos - permite não só produzir e transferir conhecimento mas também reforçar o questionamento estético e o impacto político dos projetos no domínio da criação.
Reenact Now (2023)
Imaginar para encarnar, ou de um modo mais simplista, porque não?, de copiar o passado; o que não é nem simples de fazer - na tensão entre o desejo de criar comunidade e a atração pela fixação de uma narrativa - nem fácil de definir, ora enquanto metáfora, ora enquanto metamorfose.
Porquê? Porque ninguém se lembra. Porque a memória dos inefáveis momentos de performance desaparece com a morte dos que estiveram presentes. E porque sem memória nada se pode inscrever na identidade. Pugnar pela memória da performance - através do seu arquivo - é legitimar as artes performativas enquanto fator de identidade.
Em colaboração com o CEIS20 - Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX, da Universidade de Coimbra, a primeira edição deste ciclo de reenactments contextualizados, de espetáculo dos últimos 50 anos, é co-produzida pelo Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica.
Fogo de Campo (2022/23)
Mais do que a produção de conhecimento, o objetivo deste projeto é a transferência do conhecimento produzido, nomeadamente em contexto académico, não só acerca do setor cultural (em particular da criação artística e ainda mais em particular das artes performativas) mas de tudo o que lhe é transversal, como o Direito Constitucional ou a Macro Economia. Em colaboração com o CEIS20 - Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX, da Universidade de Coimbra, pretende-se empoderar artistas, e outros agentes do setor, garantindo-lhes o conhecimento e domínio dos mecanismos de poder e processos de decisão em que se integra o exercício da sua cidadania e profissão; pretende-se também garantir um sentido pleno ao conhecimento produzido nas universidades, promovendo a sua aplicação aos contextos sociais, económicos e políticos que aborda.
Na sua primeira edição, a atividade será uma parceria com a Escola Profissional de Artes Performativas da Jobra.
Aplicação das artes performativas à terapêutica das Perturbações do Espectro do Autismo
Validação (2022) - Seis anos depois da primeira edição, as Oficinas Criativas são levadas a cabo em parceria com a Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA - Norte). Perseguem-se agora dois tipos de objetivos: Por um lado introduzir as metodologias já apontadas na avaliação da conclusão da primeira edição, nomeadamente a existência de pares (formandos não autistas numa relação um-a-um com cada formando autista); por outro lado associar à iniciativa uma instituição de ensino superior - o Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho (CEHUM) - que garanta algum tipo de validação dos resultados, em particular através de avaliação inicial e final dos parâmetros cognitivos e emocionais em que a atividade possa ter impacto.
Piloto (2015) - Em parceria com a Associação Vencer Autismo, a primeira edição desta linha de atividade (de aplicação das artes performativas à terapêutica das Perturbações do Espectro do Autismo) foi, em grande medida, um salto no escuro, tal era a exiguidade da bibliografia e a pouca experiência, ainda que alguma, que tínhamos. Ainda assim avançámos para a planificação e implementação de um curso de 8 meses, acreditando que este poderia ser o primeiro passo de um trabalho de longo prazo e que, pelo menos, no final deste projeto piloto, desde logo tornaríamos público um caderno com as notas desta primeira edição.
Validade: avaliação (2021)
Entre 2018 e 2020, a nossa criação “Validade” acompanhou os mesmos grupos de jovens, entre o 7º e o 9º ano de escolaridade e sensivelmente entre os 13 e os 15 anos. Sempre em torno da questão da sustentabilidade (das relações pessoais, materiais de construção e universo digital) o projeto desdobrou-se em 3 oficinas a que se associaram 3 momentos de apresentação pública, sucessivamente mais densos (primeiro nas respetivas escolas, depois nas escolas dos colegas, finalmente na principal sala de espetáculos do concelho). Lara Soares, doutoranda em Educação Artística na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, acompanhou o processo ao longo dos 3 anos, assinando um artigo científico que permite um olhar exterior e distante sobre os sentidos e impactos da atividade.
Pláka (2018)
O programa Colectivos Pláka, da Câmara Municipal do Porto, reuniu grupos de reflexão e produção de pensamento sobre arte contemporânea e a prática artística.
Politics of Survival - com tutoria de Carlos Costa, Jorge Palinhos e Gabriela Vaz-Pinheiro - pretendeu “ativar e transmitir conhecimento, procurando nessa transmissão formas de emular os trajetos e fluxos das próprias ruas, baldios, praças e vistas”, numa reflexão sobre a articulação entre o que fazemos e o(s) espaço(s) que habitamos.
“Politics of Survival” dividiu-se em três subtemas, ou capítulos: Spirit of Survival, Matter of Survival e Modes of Survival, 6 sessões entre oficinas, conversas e derivas com filósofos, artistas, arquitetos, geógrafos, urbanistas, ativistas: Aliki Kylika & Kyveli Anastasiadi, Álvaro Domingues, Camille Louis, João Luis Fernandes, Jorge Leandro Rosa, Lia Carreira, Margarida Mendes, Mariana Pestana, Marjetca Potrč, Marta Alvim, Matilde Seabra e Rui Matoso.