“Opera fiXi” designa a ópera em bicicleta dirigida por Kaffe Matthews, e realizada para a cidade do Porto em colaboração com o
Visões Úteis e integrando a programação do "Serralves em Festa" 2013.
Fala dum tempo e dum lugar em que os pescadores são mulheres e as sereias são homens. Em que os ‘sereios’ têm seios, cabelos de algas e tocam harpas feitas com linhas de pesca e as raparigas ‘pescadoras’ usam fatos de pele de peixe quando saem para o mar, cantando canções na frequência do coração humano (298.5Hz), convidando os peixes machos para as suas enormes redes tecidas com os seus cabelos e vinhas.
Os conteúdos de "Opera fiXi" inspiraram-se na pesca contemporânea, no rio Douro e na qualidade da sua água, na duração de uma jornada de pesca durante a noite e na poluição do rio que determina a taxa de mudança de sexo dos peixes.
O público dirigia-se à loja designada na Ribeira do Porto e era convidado a, gratuitamente, pedalar para ouvir a obra que se ia desdobrando ao longo da marginal do rio até ao farol, e de volta à loja. Um sistema único de localização identificava a posição do ciclista e as respetivas camadas de música de cada ponto do seu percurso.
O Visões Úteis colaborou com Kaffe Matthews na definição do percurso e da dramaturgia de "Opera fiXi", bem como na escrita das letras, na interpretação e na tradução de conteúdos entre português e inglês. Para além da equipa artística do Visões Úteis, "Opera fiXi" contou com a colaboração de um vasto leque de entidades, músicos e vozes.
O percurso de "Opera fiXi" tinha uma duração máxima aproximada de 1h30.
Os quatro mini audio-walks que integram o projecto Viagens com Alma, abriram ao público a 23 de Maio de 2011 nas localidades de Cête, Vairão, Paço de Sousa e Santo Tirso. Quatro percursos que cruzam a ficção com a arquitectura e o espírito de quatro mosteiros do Distrito do Porto, e que espelham diferentes relações entre o imaterial - a devoção humana - e o material - os lugares, objectos e rituais que concretizam essa devoção.
Inspirados na experiência do projecto A Língua das Pedras, que desenvolvemos em 2010 para a comemoração dos 1100 anos da Ordem de Cluny, estes audio-walks foram ainda acompanhados de instalações e intervenções plásticas que sublinhavam a ligação entre este património local e a rede europeia de monumentos e sítios cluniacenses.
À semelhança de projetos anteriores, o realizador italiano Michele Putortì realizou uma leitura vídeo da experiência destes quatro audio-walks.
Os audio-walks "Viagens com Alma" estrearam a 23 de Maio de 2011 e mantiveram-se disponíveis ao público em Cête e Santo Tirso até ao final do mês de Julho, em Vairão até ao final de Agosto e em Paço de Sousa até ao final de Setembro de 2011.
Mosteiro de São Pedro de Cête
Largo do Mosteiro, Cête, concelho de Paredes
Coordenadas GPS: 41° 10' 50.790" N / 8° 22' 0.456" O
Mosteiro de São Salvador de Paço de Sousa
Largo do Mosteiro, Paço de Sousa, concelho de Penafiel
Coordenadas GPS: 41° 9' 57.398" N / 8° 20' 41.085" O
Mosteiro de São Salvador de Vairão
Largo do Mosteiro, Vairão, concelho de Vila do Conde
Coordenadas GPS: 41º 19' 58.25" N; 8º 40' 12.02" O
Mosteiro de Santo Tirso de Riba d’Ave
Largo Abade Pedrosa, Santo Tirso
Coordenadas GPS: 41° 20' 42.04" N / 8° 28' 18.03" O
A ordem de Cluny foi a primeira “União Europeia”; espalhou-se por toda a Europa, colaborando em rede, e simultaneamente uniformizou comportamentos e deixou-se contaminar pela pluralidade com que contactou. Viveu, no entanto, numa constante dificuldade de gestão e uniformização do vasto território que possuía, e numa permanente tensão entre o apelo da espiritualidade e as exigências materiais da expansão territorial e da exploração económica.
O projecto que o Visões Úteis criou para Cluny, "A Língua das Pedras", procurou desenvolver algo como uma cartografia espiritual da herança de Cluny na Europa contemporânea e devolver à cidade os vestígios de um legado imaterial que há 1100 anos se dispersou por todo o continente. O projecto realçou a abordagem transdisciplinar e multimedial da comunicação que a Ordem desenvolveu e o modo como o próprio projecto da construção europeia encontra no projecto de Cluny um espelho fiel.
Em Fevereiro e Março de 2009 a equipa artística do Visões Úteis realizou duas viagens a quase 20 sítios pertencentes à rede cluniacense em França, Alemanha, Itália e Suíça. Atravessámos assim os doze caminhos que, na Idade Média, partiam da cidade de Cluny em direcção ao mundo.
Com o material recolhido ao longo destas duas viagens - sons, imagens, histórias - o Visões Úteis criou uma instalação multimédia que apresentou em Cluny de 7 a 12 de Setembro, integrando o evento “Toute l'Europe à Cluny”, encerramento oficial das comemorações dos 1100 de Cluny. Espalhada pelos 6 pisos da medieval Tour des Fromages, a instalação “A Língua das Pedras” compreendia vídeo, som, intervenções plásticas e um interface digital, e em 6 dias recebeu mais de 700 espectadores de todas as nacionalidades.
"A Língua das Pedras" é ainda a inspiração para o trabalho que o Visões Úteis desenvolve em Portugal até ao final de 2011 no âmbito do projecto “Viagens com Alma” , promovido pelo Departamento de Bens Culturais da Diocese do Porto.
A Cidade da Cultura da Galiza, instalada no Monte Gaiás em Santiago de Compostela, é um complexo arquitectónico desenhado por Peter Eisenmann com o intuito de albergar um conjunto de instalações dedicadas à arte e à preservação da memória daquela região: Museu Nacional, Arquivo e Biblioteca, Teatro, Centro de Arte Internacional. O processo de construção iniciou-se há mais de uma década e não está ainda concluído.
No decorrer de todo este tempo a Cidade da Cultura tem, no entanto, sido local de visitas frequentes de todas as nacionalidades (populações escolares, arquitectos, estudiosos, imprensa, etc) e foi com o objectivo de disponibilizar a este público uma visita que ultrapassasse os aspectos meramente técnicos que surgiu o convite ao Visões Úteis para a realização deste audiowalk.
“Os ossos de que é feita a pedra” leva um grupo de espectadores através de uma cidade artificial, ainda vazia de vida, mergulhando-os num ambiente que reflecte simultaneamente os futuros conteúdos da cidade e a imensidão do gesto implicado na sua construção.