Em Dublin, o IETM – International Network for the Contemporary Performing Arts – reuniu, ironicamente, mesmo ao lado do Conselho de Ministros das Finanças da União Europeia.
Parece cada vez mais instalada, por toda a Europa, a sensação de morte de um estado social que, nas últimas décadas, vinha considerando a a criação artística (o seu acesso e diversidade) como um bem público. Por toda a Europa? Não. Porque em alguns locais, nomeadamente na Alemanha, assiste-se a um reforço do investimento na cultura e nas artes, como se vivêssemos em planetas diferentes apesar de vivermos tão perto uns dos outros.
Mas de um modo geral, os artistas performativos europeus estão empenhados num processo de transformação da sua atividade, em particular do modo como esta se inscreve no circuito económico e no modo como se desenha uma relação de confiança com os públicos, através de “práticas sociais” que alargam o território da criação artística.
Uma coisa é certa, não se baixa os braços e já todos pararam de sentir pena de si próprios para partir à procura de novos modos e relações de trabalho. E aqui destacam-se cada vez mais os modelos que permitam o acesso a financiamentos europeus, num momento em que o investimento nacional na cultura tende a descer (ainda que, naturalmente, em alguns locais este seja compensado pela responsabilização da administração ao nível regional – que em Portugal não existe – e local). Por um lado abre-se, sem dúvida, uma oportunidade acrescida para pensar no que nos une a todos, enquanto grande comunidade europeia; Mas por outro lado, e na busca da uniformização imposta pelos procedimentos europeus, abre-se uma porta perigosa ao desinvestimento nas especificidades nacionais e no acesso (de alguns) dos respetivos públicos à criação artística contemporânea.
O IETM volta a reunir em Outubro, em Atenas.