"Validade", projeto desenvolvido em coprodução com a Oficina de Guimarães e dirigido por Inês de Carvalho, explorou ao longo de 3 anos diferentes vertentes do conceito de sustentabilidade com 3 turmas do 3º ciclo de escolas de Ronfe, Urgezes e Ponte, através de 3 oficinas com o nome de "Ecos":
- “Ecos Pessoais” (2018) - coordenada por Ana Azevedo e Inês de Carvalho.
- “Ecos Materiais” (2019) coordenada por Cláudia Escaleira e João Martins
- “Ecos Digitais” (2020) coordenada por Ana Carvalho e Ricardo Lafuente
No final de cada ano, os alunos prepararam apresentações que foram progressivamente mais performativas e partilhadas - primeiro com os restantes alunos da sua escola, depois com as turmas das outras escolas envolvidas no projeto, e no final com o público geral.
Em 2020 a apresentação final subirá ao palco do Centro Cultural Vila Flor, no dia 3 de dezembro às 19h, tendo sofrido uma reformulação no contexto da atual pandemia: na impossibilidade de juntar as 3 turmas fisicamente no teatro, representantes de cada turma estarão em palco interagindo diretamente com os restantes alunos que participam via Zoom a partir das suas escolas.
Mais informação: https://www.ccvf.pt/detail.../validade---performance-final/
A nossa primeira criação de 2020 propõe um desafiante cruzamento entre arte, política e cidadania:
“Demo Cimeira” pretende desenhar um formato artístico a partir de um conjunto de encontros onde cidadãos da freguesia de Campanhã e os seus representantes políticos (ao nível local, nacional e europeu) se enfrentarão em jogos de tabuleiro, num questionamento sobre a própria essência da democracia representativa.
O projeto tem direção de Carlos Costa e Jorge Palinhos e a colaboração de Cristina Planas Leitão e Sofia Ponte. Juntos desenvolverão um enquadramento artístico para estes encontros que possa reconfigurar o inesgotável jogo das representações e dos representantes, e que possa também reforçar as interrogações dos que participam no exercício e alargar o impacto deste projeto a um público maior.
Em atualização: Os encontros de "Demo Cimeira", que estavam originalmente agendados para os meses de maio e junho, serão agora reagendados na sequência das medidas de distanciamento social para o combate à pandemia da COVID-19. Novas datas em breve!
"Reclaim the Future" is a 2 year European project that brings together partners from Sweden, Portugal, France, Scotland and Latvia. Inspired by the theme of the Carnivals and the change that they allow for, the project aims at giving voice to several european peripheries, finding ties bewtween arists and communties geographicaly distant from each other.
The “Reclaim the Future” event in Portugal, “Exige o Futuro”, was created by Visões Úteis in a coproduction with Porto’s City Council, through the “Expanding Culture” programme. It was inspired by the company’s long relationship with Porto’s area of Campanhã – the most eastern part of the city, and one that faces many economic and social challenges.
The Portuguese event, which happened on the 13th, 14th and 15th of july 2017, aimed at giving public visibility to the work of agents, entities, collectives and associations of Campanhã, as well as to promote the meeting of these groups between themselves and with international groups and artists that develop similar work.
The first day was fully dedicated to a conference entitled “Of the same sort” held at MIRA Art Gallery. Artists, researchers and members of local communities gathered during the morning and afternoon to discuss the nature, purpose and results of art developed within a community context. The conference was simultaneously translated into English, to allow for the participation of all international partners.
Day 2 of the Portuguese event was divided into two activities:
“Europe is here” – a series of meetings between the international partners and local agents (artists, entities, associations) developing their projects in Campanhã area. The “matches” were made taking into consideration the similarity of interests and projects of both sides.
“Renewing the Piece” – the two plays exchanged between Visões Úteis and Swedish partner Teatermaskinen were publicly presented on this evening: Visões Úteis’s adapation of the Swedish show “C’est Tout”, based on a text by Marguerite Duras, and Teatermaskinen’s version of Visões Úteis’ original play “trans/mission” (presented in its English version).
And finally, on day 3, the central moment of the whole event took place – the “Unleashed Parade”! Created with and by the local communities during the previous months, the Parade was a two-hour long path across a public space, involving the participation of around 200 people living and/or working in Campanhã. A path filled with music, dance, theatre, space interventions, designed to highlight the different talents of all the participants, and recuperate the joy of meeting, and of sharing a common space.
In the year following this Carnival, a variety of activities included in “Exige o Futuro” will continue to be developed, such as a documentary video, a grant for community projects, a book, a Social Cartography workshop, among others.
"Se calhar não devíamos estar na rua..."
Sinopse
"Corpo Casa Rua" designa uma performance no espaço público que juntou 21 participantes, com idades entre os 8 e os 80 anos, pertencentes a quatro comunidades - os alunos das Aulas de Teatro do Serviço Educativo do Visões Úteis, alunos do Serviço Educativo do Balleteatro Escola Profissional, utentes seniores do Centro de Dia da Junta de Freguesia de Santo Ildefonso e reclusas do Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo.
Durante 5 dias no mês de junho de 2013 os utilizadores do metro do Porto e o público em geral puderam cruzar-se com as "casas" e habitantes destas comunidades na Estação de Metro de São Bento (átrio principal) - numa performance que pretendeu gerar uma heterotopia, congregando num único espaço o que não está ou não pode estar junto à superfície. Um espetáculo de acesso gratuito e destinado a público de todas as idades.
Ao longo de três meses, "Corpo Casa Rua" reuniu 21 participantes de 4 grupos distintos, associados ao Serviço Educativo do Visões Úteis. Pretendemos, pela primeira vez, juntar a equipa artística do VU às comunidades que integram o nosso Serviço Educativo, num processo criativo em que as habituais metodologias de trabalho fossem forçadas a uma adaptação a contextos diversos, em termos sociais, culturais, económicos e geracionais. Na verdade, a experiência não seria completamente nova, porque há cerca de dez anos, e em colaboração com Isabel Alves Costa e o (extinto) Rivoli Teatro Municipal, já tínhamos arriscado algo parecido. Apenas parecido.
Desta vez, propusemo-nos a trabalhar uma vez por semana com cada um dos grupos: 4 crianças de uma turma de teatro do Serviço Educativo do Balleteatro, 6 seniores do Centro de Dia da Junta de Freguesia de Santo Ildefonso, 5 jovens da turma de teatro do Serviço Educativo do Visões Úteis e 6 mulheres reclusas no Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo. E ao longo de 12 semanas fomos abordando exatamente as mesmas pistas de trabalho com cada grupo, partindo em cada semana de um motivo comum, mas necessariamente utilizando metodologias diferentes em cada contexto. E em comum, também, a necessidade de imaginar como seriam "os outros" - todos os nomes sem rosto - de quem semanalmente cada grupo ouvia falar, mas que só conheceria na semana anterior às apresentações;
E assim fomos construindo um caleidoscópio em que se confundiam diferentes modos de definir identidade, tanto ao nível mais íntimo do Corpo - último reduto de cada um - como ao nível do espaço público que partilhamos. E se nunca pretendemos tornar simples o que é complexo, também é verdade que nunca nos deixámos de surpreender com a imensa teia de consensos e antagonismos com que quotidianamente nos deparávamos, e cujos contornos se definiam por fatores (des)agregadores multiplos, em que a pedra de toque tanto podia ser a idade, o género, a biografia ou o contexto social.
E mais do que tentar expressar o visível - o que somos - tentamos paulatinamente expressar o invisível de que se tece o desejo do que gostaríamos de ser, ou de ter sido. Sempre imaginando que esta congregação de (im)possíveis se juntaria, num momento final, numa estação de Metro do Porto, criando assim uma heterótopia, na medida em que reuniria num mesmo espaço (subterrâneo) o que coexiste (à superfície) num mesmo tempo, mas nunca num mesmo espaço.
Não exageramos se dissermos que - nos quase 20 anos de atividade do VU - este foi o processo criativo mais sujeito a contingências e transformações. Não só pela sua natureza em si - juntar o que não está junto - mas também pelo conturbado momento que o país atravessa e que nos levou a sucessivos cortes no orçamento da produção e um encaixe de sucessivos e incontroláveis fatores. E, a eleger o mais avassalador, teríamos que destacar as sucessivas convocações e desconvocações de greves pelo Corpo da Guarda Prisional, que constantemente conduziam ao encerramento de algumas das participantes nas suas celas durante 22 (!) horas por dia.
Por tudo isto, em "Corpo Casa Rua", ao fascínio deste processo criativo juntou-se uma muito particular obsessão com o produto, transformando-se este num desejo de efetivamente chegarmos todos juntos ao fim de um processo, que quotidianamente mostrava que tínhamos tudo para falhar, ou seja, para abandonarmos a convicção na possibilidade - ainda que transitória - da heterotopia.
Mas chegámos ao fim - ou melhor deveremos chegar ao fim. E, no seu final, acreditamos que "Corpo Casa Rua" se exprime de uma forma paradoxal: Por um lado, um processo centrado em consensos e numa noção de comunidade mais vasta do que o quotidianamente habitual; Por outro lado, um objeto em que, quase sempre, os consensos são preteridos pela convergência de ideias diferentes acerca do que partilhamos e do modo como o deveríamos fazer. Porque - e apesar de sermos todos tão "humanamente" parecidos em tantas coisas - a verdade é que todos pensamos de modo diverso.
Antes assim, em confronto aberto pela Praça de uma cidade que amamos, do que silenciados em nome de um consenso estúpido e hipócrita.