“... Raios te partam! Sempre a atravessar-se no meu caminho, o palerma! São capazes de me dizer como é que um sujeito de trinta e poucos anos, ou seja eu, vive com um instrumento que tudo o que faz é estorvá-lo? ”
Para começar 2005 fizemos teatro a más horas no bar Triplex, para quem aparecesse por lá. E apareceu muita gente para ver as desventuras de um homem e do seu contrabaixo. O instrumento mais importante de uma orquestra. O que parece uma velha gorda.
Sinopse
Numa sala à prova de som, provavelmente o quarto onde vive, um contrabaixista de uma Orquestra Nacional decide contar como é vivida a sua solidão e confidenciar, com ironia amargurada, o seu amor não revelado por uma das sopranos da Ópera. Esta relação platónica encontra no próprio contrabaixo o seu maior obstáculo: instrumento arcaico, que melhor se ouve quanto mais nos afastarmos dele, de aparência hermafrodita, desajeitado e incómodo, o contrabaixo torna-se para este homem no maior empecilho à liberdade e ao amor.
Pelo discurso desta personagem isolada e frustrada, viajamos ainda pela História da música e dos músicos e encontramos uma crítica sagaz à sociedade contemporânea.